"Sabia que não seria uma decisão indolor. Sabia que o sentimento de perda faria parte do processo. Mas sabia também que, a prazo, sentiria muito mais dor e perda se ficasse do que se fosse."
João Almeida Moreira na crónica "A viagem da minha vida"
Nota-se a sua inteligência acima da média e a sua capacidade de análise na política, sobretudo a nível ideológico. Assertivo quanto a Cavaco (mas.. mas...), já nem tanto em relação a Salazar (análise um bocado leviana com um toque de admiração assustadora). Nada de novo, e sempre considerei que tem muitas semelhanças, nas virtudes e nos defeitos políticos, com Francisco Louçã. Uma espécie de "servem para deputados, são muito mais inteligentes que a média que ali anda, mas vade retro com a ideia deles na governação".
O mais importante neste vídeo é mesmo a parte inicial em que demonstra o seu desprezo pelos partidos políticos (não declarando, fá-lo à política implicitamente). Regra nº1: desconfiar dos Medinas Carreiras da tv.
Para a rir, mesmo só a parte do liberal (mesmo na economia).
"Quando disse que era de Grândola, o homem que estava à sua frente voltou-se, agressivo. «E eu só dizia: mas eu não tenho culpa de ser de Grândola!» Ninguém tinha culpa, os símbolos são o que são."
Conheço pouco de Grândola. Na verdade, só conheço a IC1 e dois ou três restaurantes nas breves paragens entre Coimbra e Algarve. Mas, de certa forma, tinha um bocado desta ideia - "Vila Morena, a canção que dividiu Grândola" - sobre a terra e sobre a música. Apesar da passagem a símbolo ser usual e acarretar este tipo de histórias, as reinvidicações e leituras em volta desta música são muitas vezes desconhecedoras da história do próprio símbolo.
Nada de novo, é uma repetição a papel químico de quase todos os símbolos.
Este lado da "Vila Morena" é interessante por algumas coisas que disse aqui, em Fevereiro. Algumas formas de manifestações (tal como as que apelam a uma qualquer revolução... como se qualquer uma desse jeito) ursupam símbolos para um fim específico. E, a acreditar no texto, foi o que se passou em Grândola. A canção feita sobretudo como um agradecimento à terra de um amigo numa sua passagem por lá passou a ser símbolo de uma revolução (por ter sido escolhida como contra-senha por não fazer parte da lista da censura). A partir do símbolo estragou-se a genuidade da canção (em boa verdade, não completamente alheada de espírito político).
O PCP usava como se a canção fosse sua e os seus acérrimos militantes não perdoariam os desvios de esquerda de Zeca Afonso. "Caldo entornado", seriam os primeiros a manifestarem-se durante a actuação da mesma música na própria "Vila Morena". Sim, a mesma música que fora feita de agradecimento a essa vila. A mesma vila que Zeca se viu obrigado a agradecer e com a qual agora ficava magoado.
É inevitável a sua passagem a simbolo da revolução (até porque é uma boa música), mas a tentativa de reinvidicação da música para um partido ou sector não tem qualquer sentido. Como disse várias vezes, se isto das datas é para ser só para alguns, metam a revolução num dia a que me dê mais jeito. É como quem diz que isto dá sempre a asneira.
Chega por tardio o agradecimento. Como se diz por aí, Pablo Aimar é o último romântico do futebol. É daqueles jogadores que admiras em qualquer clube, mas se for no teu é "juntar o útil ao agradável".
Obrigado.
Alguém disse que só mesmo o Aimar para Messi pedir uma camisola no final de um jogo como um puto. Pura das verdades. Como é possível que num jogo dos dias de hoje, seja Messi a pedir a camisola sem ver a sua requisitada? Consideraria um crime não fosse "Pablito".
A ler tudo:
Roubado via o "Atentado ao Pudor", um excelente texto... recorde-se que o maior perigo não está tanto nas várias opções possíveis a tomar, mas na forma como são tomadas:
«A crise europeia arrasta-se, propaga-se e adensa-se, deixando nos cidadãos a sensação de impotência dos Estados nacionais e das instituições europeias. Esse sentimento é estrutural e parece radicado. Mas a verdade é que o enraizamento progressivo do conformismo, do desencanto e da desesperança tem sido intermitentemente marcado por episódios agudos deveras preocupantes. São sinais, meros sinais - sinais do caminho ou dos caminhos de evolução e desenvolvimento da crise. São motivos de alarme.
Lembro a ideia perigosa - perigosíssima, a mais perigosa de todas - de nomear um "comissário especial" para a Grécia. Recordo a polémica, azeda e agreste, a propósito do pepino espanhol e dos seus efeitos letais sobre os habitantes da região de Bremen. Recapitulo o desassossego trazido pela primeira - e até pela segunda - decisão do Eurogrupo quanto aos depósitos nos bancos de Chipre. Três momentos agudos da crise europeia que ilustram outros tantos riscos. O risco do paradigma imperial e da "domesticação-colonização" das periferias. O risco da racionalização e vulgarização dos argumentos populistas e dos correspondentes ressentimentos xenófobos. O risco da "nacionalização" dos patamares de confiança económica e suas consabidas consequências.
A crise exige medidas duras, medidas austeras. A crise exige mesmo de alguns povos e Estados sacrifícios que não pode nem tem de exigir de outros. Mas a crise não pode nunca justificar o atravessamento do limiar da humilhação. Ou, em linguagem menos humana e mais estatal, da subjugação. Já aqui escrevi e volto a escrever: "A história dos povos europeus - com os seus insucessos fratricidas - e a história da União Europeia - com o seu sucesso precário - ensinam, de há muito, que o mandamento mais útil é o "não humilharás"."»
Paulo Rangel, Público
"I am a firm believer in the people. If given the truth, they can be depended upon to meet any national crisis. The great point is to bring them the real facts, and beer"
Abraham Lincoln
É preciso ouvir tipos que souberam resolver crises maiores.
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